MINHAS CRÔNICAS

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

JUNG, FREUD E A MAÇONARIA

Dias destes, movimentando o “mouse” no site do Google, deparei-me com uma informação que me chamou a atenção: Freud foi maçom!

Pelas pesquisas que tenho feito não encontrei nenhum indicio que confirmasse esta assertiva; o que mais se aproximou desta citação foi a leitura que fiz do livro do autor Jean-Luc Maxence, intitulado “Jung é a aurora da maçonaria, Ed. Madras, 2010”.

Este autor fez uma intuição muito interessante ao tentar encontrar pontos de contato entre a psicanálise, especialmente em Jung, e o simbolismo da maçonaria; baseou-se na premissa de que o avô de Jung foi um maçom regular, tendo sido, inclusive, Grão Mestre da Ordem na Suíça, onde vivia, e Jung cresceu envolvido pelos símbolos da maçonaria.

Para reforçar esta sua tese ele cita o fato de que a famosa torre de Bollingen, casa com aparência de castelo, que Jung construiu (iniciou a sua construção em 1923) à beira do lago de Zurique, tem desenhado nas suas paredes, especialmente no seu teto, alguns símbolos maçônicos, embora ele nunca tenha se iniciado na Ordem.

Na verdade Freud pertenceu a uma sociedade frequentada por muitos membros da comunidade judaica de Viena e que não tinha a mesma conotação filosófica da maçonaria, denominada “Sociedade B’Nei Brit” a cujas reuniões ele participava com grande regularidade.

Esta sociedade, uma verdadeira ordem fraternal de judeus, foi fundada em Nova York em 1843, contando atualmente com mais de 100.000 membros em mais de 50 países; provavelmente a razão da confusão na mídia social da internet é o fato de que esta era frequentada exclusivamente por homens e tinha como principio a ajuda mútua entre os seus membros, levando muitos não iniciados na Ordem maçônica, que acreditam ser esta a função da maçonaria, a encontrarem pontos de contatos entre as duas sociedades.

Para confundir um pouco mais estes espíritos, o lema da “Sociedade B’Nei Brit” pode ser superponível ao da maçonaria – Benevolência, Amor entre os irmãos e Harmonia.

Por outro lado é preciso dizer que tanto Jung como Freud se envolveram, nos seus estudos sobre psicanálise, com os símbolos de uma maneira geral e a maçonaria é uma instituição iniciática, cuja filosofia está alicerçada na simbologia.

Ao se submeter a uma análise por um médico psicanalista o individuo se dispõe a colocar a descoberto todos os “segredos” que estavam armazenados no seu inconsciente e o médico assistente funciona como se fosse um arqueólogo tentando desvendar o passado com as revelações que lhe são fornecidas pelo paciente.

Um “profano” que bate à porta de um templo maçônico com a intenção de se iniciar na Ordem, submete-se, espontaneamente, é preciso que se diga, a uma autoanálise quando lhe é solicitado, antes que lhe permitam a entrada, a fazer uma reflexão sobre o sentido da vida e das suas aspirações futuras, enquanto aguarda permissão para ultrapassar os seus umbrais.

Apenas com a companhia da sua consciência, lhe é oferecida a oportunidade de refletir sobre a verdade definitiva de que o homem veio do pó e para lá voltará, as vaidades mundanas deverão ser deixadas do lado de fora, a sua riqueza pessoal (jóias e metais) não será de nenhuma serventia perante a comunidade que ele pretende se aproximar; será, simbolicamente, o seu renascimento com novas luzes.

O individuo que foi analisado pelo psicanalista poderá remover as barreiras que teimavam em manter escondidos os segredos do seu inconsciente e, se conseguir este intento, algumas vezes somente após anos de conversa consigo mesmo e principalmente com o apoio do médico assistente, poderá caminhar com alguma segurança rumo ao equilíbrio psíquico.

O iniciado na maçonaria deverá, gradativamente, e pelo resto da sua vida, tomar conhecimento, como acontece em todas as sociedades iniciáticas tradicionais, dos passos a serem dados para conhecer a filosofia da Ordem e, com persistência, praticá-la e transmiti-la aos seus pósteros o que aprendeu, como se ele fosse agora um mestre.

Nesta caminhada deverá ecoar nas suas movimentações o ensinamento emanado do filósofo francês, Prof. Jean Lacroix, citado em uma passagem do livro de Jean-Luc Maxene que mencionei acima, no capítulo em que este autor discutia a “Psicologia das profundezas de Jung”:

“Se você quer chegar aonde você não sabe, é necessário passar por onde você não conhece”

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