MINHAS CRÔNICAS

terça-feira, 9 de outubro de 2012

FESTA DE IGREJA – Quanta singeleza!

                  

 

   Neste mês de agosto temos festa na Igreja de Nova Fátima em louvor a Nossa Senhora de Fátima, padroeira do lugarejo; todos os anos nossos nomes, Marília e meu, constam da lista de “patronos por um dia”; neste ano não foi diferente, ficamos novamente satisfeitos de sermos lembrados para constar do cartaz que divulga a festa, ao lado de muitos vizinhos (chacareiros, sitiantes e fazendeiros), nossos amigos de há muitos anos, alguns há quase quarenta anos.

                          Minha vida, infelizmente, continua um pouco atribulada pelos afazeres que tenho de desincumbir-me em Goiânia, dos quais ainda não consegui me livrar, porém, para o ano que vem pretendo dar uma “guinada na vida” (será? Já me prometi tantas vezes...) e, portanto irei frequentar mais vezes as tarde-noites na praça da igrejinha, frequentar as “novenas”, encontrar e conversar com os amigos, divertir no tiro ao alvo, na pescaria no tanque de areia, participar dos bingos e, principalmente, dos leilões de brindes. 

                            Conseguimos participar, com nossas presenças, apenas do último dia da festa; vesti minha calça “rancheira”, calcei minha botina rigindeira e fomos, Marília e eu, garbosos e satisfeitos para o arraial de Nova Fátima aonde chegamos quase que na hora do inicio da santa missa; estacionamos a camionete em frente ao armazém dos amigos Wandeir e Zézé que, por sinal estavam na porta, aguardando a hora de, também, se dirigirem para a igreja (era só atravessar a rua!).

                              O tempo passa e alguns costumes modificam pouco; havia, semelhantemente ao que ocorria em Gaspar Lopes nos anos de 1950, grande quantidade de pessoas, principalmente homens, postadas na entrada da igreja, transmitindo a imagem de que não havia mais bancos disponíveis no seu interior; entramos e qual não foi nossa surpresa ao conseguirmos nos acomodar em local privilegiado, ao lado da Luzia, viúva do nosso amigo (que Deus o tenha) João Gonçalves, na nave da igreja.

                               Participamos, com fé, da celebração; Marília comungou, aliás, como sempre costuma fazer; um coral, muito bem treinado e com perfeita sintonia de vozes e som, constituído por pessoas do lugar, entoavam hinos de louvor ao Senhor Deus; o sermão, proferido pelo Frei João foi perfeito, com linguagem inteligível aos paroquianos, transmitia sinceridade e esperança nas palavras e, principalmente mostrava conhecer quase todos os presentes (provavelmente mais de 300 pessoas) pelos seus respectivos nomes, pois nominou vários deles.

                               Antes de terminar o oficio religioso os festeiros, representados pelo Sr. Paulinho e sua esposa, foram chamados à frente para fazer um balanço dos acontecimentos; hora de alegria e confraternização, hora dos agradecimentos pessoais a todas as pessoas que trabalharam em prol da festa, desde os que ajudaram na arrumação da igreja até os que varreram as ruas do lugarejo, desde os que deram ajuda financeira (bezerros e outras prendas para os leilões) até o mais simples morador que doou algumas horas do seu trabalho em prol de  Nossa Senhora de Fátima. Marília e eu ficamos felizes por termos tido a oportunidade de estarmos presentes!

                               Na saída da igreja encontrei-me com vários amigos da região, alguns que há muito não os via (Pau Velho, José Vicente, filho do falecido Sr. Vicente, Louro, João Benicio, Paulinho negociante de coisas antigas, para citar alguns); fiquei surpreso e satisfeito de rever o Walter eletricista que, ao encontrarmos, deu-me um efusivo abraço; falamos, com saudades, do tempo em que ele trabalhava na Santa Tereza e da eleição em que ele concorreu para o cargo de vereador em Hidrolândia e que tentei ajudá-lo, porém, perdemos a eleição, apresentou-me seu neto, já rapaz (o tempo passa...); contou-me da sua vida atual: é funcionário (construtor e eletricista) de um conglomerado de igrejas da seita dos Mórmons.

Quando nos dirigíamos para uma das barracas para comermos um lanche, encontramos com o João “Cabaça”, nosso antigo funcionário e que passou a nos ciceronear, dando-nos conta dos acontecimentos festivos que ainda aconteceriam. O senhor vai ver daqui a pouco, disse ele com evidente entusiasmo, uma espetacular queima de fogos de artifícios, cujo arranjo foi feito pela única pessoa, aliás, morador daqui de Nova Fátima, que sabe fazê-lo aqui nas redondezas, principalmente a montagem das “cascatas”.

Logo em seguida assistimos a exibição da banda marcial (mirim) de Hidrolândia que veio especialmente para abrilhantar a festa, como nos ensina o João; fiz algumas fotos, principalmente das duas meninas “balizas” que fizeram exibições no asfalto com galhardia e, sobretudo desembaraço, encantando os presentes pela meiguice estampadas nos rostinhos inocentes.

Quando resolvemos voltar para casa, ouvimos, de longe, o grito do leiloeiro:

- Quanto me dão por esta prenda?

Parece que aquela voz se confundia com outra que ouvia nos leilões da festa da igreja de Gaspar Lopes, lugarejo onde nasci, localizado no sul de Minas Gerais, nas idas eras do meu tempo de criança; lembrei-me daquele leiloeiro que no final da noite estava quase sem voz de tanto gritar.

Quanto me dão por este cartucho?  Deve estar recheado de doces, pois veio da casa do senhor Chiquito Agostini. Vamos ajudar a Igreja do padre Gastão minha gente!

  Era o Nico Moreira, guarda chave da Rede Mineira de Viação, meu pai!

 

 

               

 

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