MINHAS CRÔNICAS

quinta-feira, 9 de junho de 2011

ESCREVER UM LIVRO, QUANTAS ETAPAS!

Escrever é uma grande desafio!

As vezes passamos meses a fio labutando contra as folhas em branco do papel que está à nossa frente, esperando ser preenchidas com o texto que armazenamos no nosso inconsciente e, na hora que precisamos, ele se esconde nas reentrâncias e circunvoluções da nossa massa cinzenta cerebral.

As vezes, como acontecia com Dostoievsky, o texto sai de uma arrancada, como ocorreu com a sua novela “o Jogador” escrita, ou melhor, ditada para sua futura esposa Anna Grigorevna em três semanas; quando isto ocorre, passamos boa parte da noite brigando com o computador com receio que a “inspiração” volte a viajar rumo às estrelas e nos deixe na mão; a luta é desigual e cansativa.

Tomo-me como exemplo, toda semana sou obrigado, por compromisso assumido com o Batista Custódio, a liberar um texto para o nosso Diário da Manhã (lá se vão 150 semanas sequenciais), tenho, no meio dos meus inúmeros outros afazeres da vida cotidiana, de arranjar tempo e, principalmente, inspiração para escrever sobre um assunto, com no máximo 4.500 palavras (é o espaço que me é reservado!).

Se o resultado deste trabalho, escrever um romance, um ensaio ou outra produção semelhante, que nos obrigou a meses de labuta, de pesquisas, de correções do vernáculo, de cortes nos excessos das frases, na recomposição de capítulos, nos trouxer satisfação pessoal e expectativa de termos conseguido realizar o que programamos, temos consciência que nossa luta não terminará com a impressão do livro.

Nós que escrevemos e temos a pretensão óbvia de sermos lidos, muitas vezes não nos damos conta de alguns detalhes que estão por trás da produção, distribuição e venda do livro; acredito que a maioria de nós escritores faz as coisas por intuição e amadorismo mercadológico.



O escritor Thomas C. Foster chama a nossa atenção para o fato, às vezes despercebido pelo escritor, que o leitor, ao procurar uma livraria para comprar um livro, se depara com milhares de exemplares expostos nas prateleiras; salvo naqueles casos em que a exposição do objeto de “desejo” é estrategicamente colocada em “gôndolas”, facilmente acessível aos olhos do provável comprador, a disputa para, pelo menos, despertar a sua curiosidade e fazer com que ele dê algumas “folheadas” em nosso livro é desigual, pelo volume da pletora.

Segundo Foster, o que chama a atenção em primeiro lugar e leva o leitor a manusear, abrir o livro, é o seu título, pois, neste quesito começa a atração e lhe desperta a curiosidade em saber se existe consonância entre esta enunciação e o que está narrado pelo autor; curiosamente o título é mais importante que a beleza da capa, porém, é claro que se a arte gráfica for de boa qualidade e atrair, de longe, os seus olhos, o leitor irá pegar o livro e se impressionará, inicialmente, pelo título da obra.

Uma capa bonita, com beleza plástica que chama a atenção, não segura, por si só, o título da obra nesta primeira abordagem do leitor!

O segundo, ou terceiro ponto de interesse do leitor é, por incrível que possa parecer, a primeira frase do livro; se esta for capaz de segurar a sua atenção, certamente será lido o primeiro parágrafo, se este lhe satisfez a curiosidade ou deu-lhe vontade de saber a continuação do relato, o leitor irá, quase que automaticamente, folheando o livro, diretamente para as páginas centrais, onde lerá mais algumas frases ou parágrafos.

Não ficou decepcionado? Ele comprará o seu livro!

Há uns quinze dias, vasculhando uma imensa livraria em Vancouver (Canadá) seguia, instintivamente, os passos sugeridos por Foster, se uma capa me atraia a atenção, pegava o livro nas mãos e se o título fosse interessante, dava uma folheada, no caso presente, mais ou menos rápida, porque o tempo era meu adversário e a quantidade de livros a ser “garimpado” era muito grande.

Chamou-me a atenção nesta corrida contra o tempo, o título de um livro; realmente fui atraído pelo título, pois, na prateleira que pesquisava, só eram mostradas as “lombadas” do incontável numero de volumes ali empilhados.

“Once again to Zelda – Novamente para Zelda” era o nome do livro e que me levou, imediatamente, a pensar em Zelda, a esposa do escritor norteamericano Scott Fitzgerald; após folhear algumas páginas convenci-me que seria uma boa aquisição.

A escritora canadense de nome Marlene Geller teve a feliz idéia de decifrar as dedicatórias de cinquenta livros famosos existentes na literatura mundial; ao fazê-lo, ela procurou entender o que escondia por trás da intenção do autor ou autora do livro ao dedicá-lo a determinada pessoa e, principalmente, o que esta pessoa representava para ele ou para ela.

O livro escrito em 1925 e cuja dedicatória “Novamente para Zelda”, está colocada na sua primeira página e que a autora canadense utilizou como título do seu livro é “The great gatsby”, como sabemos, um dos clássicos da literatura mundial.

E a capa deste livro da canadense? Não seria capaz, acho, por si só, de convencer alguém a comprá-lo!

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