MINHAS CRÔNICAS

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

COINCIDÊNCIAS! SERÁ?

Há poucos dias li neste jornal uma crônica (Só Deus explica) de autoria do Professor José Fernandes, meu confrade da Academia Goiana de Letras, que me deixou bastante satisfeito, não só pelo seu elegante, aliás, costumeiro, estilo literário, mas, também, pelo inusitado da situação por ele narrada.

Quando falo em satisfeito é porque episódio semelhante ao que ele debuxou com mão de mestre, já ocorreu comigo, em mais de uma oportunidade, portanto, me sinto em boa companhia; quando discuto com algum conhecido sobre este fato, sou surpreendido pela narrativa de acontecimentos semelhantes, também, com outras pessoas.

Antes de descrever o meu “caso” vamos ouvir o Professor José Fernandes na sua narrativa (resumidamente):

Há pouco mais de um mês estava ele, juntamente com a sua esposa, Da. Sônia, procurando um lugar para se acomodarem nas escadarias do Vaticano, na companhia de enorme quantidade de pessoas que ali se aglomerava com o mesmo desiderato: descansar um pouco das longas caminhadas que são infligidas aos turistas.

Sentaram-se, espremidos, porém, agradecidos pela graça de terem encontrado aquele espaço; tomaram um pouco de água e continuaram a discutir sobre os próximos programas que empreenderiam pela cidade eterna; de repente, uma pessoa que estava nas suas imediações, não resistiu à tentação e questionou-os:

Vocês são brasileiros?

Diante da resposta positiva, entabularam a seguinte conversação: - Eu, também sou, disse-lhe o até agora estrangeiro, porém, hoje moro aqui em Trieste, sou Padre; ah você é padre? Eu estudei em seminário claretiano na juventude; onde? Rio Claro; interessante, eu também estudei lá; qual é o seu nome? Cláudio Gregianin! Tive um colega de turma com este nome; acho que sou eu mesmo, você não é o José Fernandes, conhecido como Baldan? Você se lembra do Teruo, goleiro do nosso time? Claro que me lembro, e do Padre Orlando? Nossa, lembro demais!

Resumo, os dois foram colegas de estudos 50 anos atrás!

Estávamos, Marília e eu, há cerca de dois meses, visitando um vinhedo na região de Mendonza, na Argentina; seguíamos o roteiro que todos os turistas seguem: um guia vai à frente explicando todos os detalhes do funcionamento da destilaria enquanto os turistas (em nosso caso éramos oito pessoas) vão atrás, agrupados, ouvindo com atenção e tentando apreender o máximo possível os “sábios ensinamentos” para depois, na primeira oportunidade que surgir, normalmente em alguma rodada de degustação de vinhos, exporem seus conhecimentos para os amigos.

Depois de percorrermos todo o percurso, sentamo-nos ao redor de um balcão para degustarmos alguns vinhos; após termos passado algum tempo juntos naquela “viagem pelo mundo do vinho”, com pouca oportunidade de trocarmos algumas palavras com as pessoas que nos faziam companhia, achei que devia puxar “alguns dedos de prosa”.

- Nós, somos mineiros, disse o rapaz que mais perguntas havia feito ao guia; sou goiano de coração, porém, mineiro de nascimento, retruquei; de onde? Quis saber o conterrâneo; nasci no município de Alfenas; meu avô trabalhou na Rede Mineira de Viação, nos idos de 1950, em um lugar perto de Alfenas, se não me engano, Gaspar Lopes, retrucou meu novo amigo; qual era o nome do seu avô? Senhor Magno, disse-me ele; então, sua avó chamava-se Da. Ilma e sua bisavó Da. Quinha e o senhor Magno foi chefe de estação, portanto “patrão” de meu pai, conhecido por Nico guarda-chave!

Se algum dia desejarmos conhecer um pouco mais de nós mesmos, do nosso inconsciente, devemos seguir a pegadas deixadas por Freud e voltarmos ao passado, à nossa infância; aquele reencontro me levou de volta ao meu mundo de antigamente, aquelas figuras que enumerei acima, fizeram parte, indelevelmente, de um pedaço da minha vida.

A ciência descoberta por Freud, a psicanálise, tem interesse em promover um diálogo entre o passado e o presente, daí a luz que se lança para a sua analogia com a arqueologia; não é por acaso que ele, Freud, era colecionador de objetos de artes antigas, oriundas do Egito, Grécia, Roma e do Oriente.

Na época em que ele fugiu para a Inglaterra, havia acumulado mais de 2.000 peças de “deuses velhos e encardidos, parte integrante da sua vida” e, segundo dizem seus biógrafos, o Professor Freud gostava de segurar as peças em suas mãos, além de que se preocupava em mantê-las, sempre, com a mesma disposição sobre a sua mesa de trabalho.

Não é do meu interesse, por faltar-me formação especializada, discutir as intricadas nuances psicanalíticas daquele meu encontro com os novos amigos mineiros; o que me tira o fôlego e acredito que também ocorreu com meu amigo Prof. José Fernandes, é o assombro que nos causou aqueles encontros.

Como podem ocorrer fenômenos semelhantes àqueles? Que força estranha nos aproximou, a mim, dos mineiros e o Prof. José Fernandes daquele padre?

Um amigo, com quem discuto, de vez em quando, assuntos sobre religião, me disse certa vez: Os espíritos desencarnados povoam os espaços e com os quais mantemos contato sem suspeitar, como acontece com o nosso mundo invisível que enxergamos apenas com o uso do microscópio; eles, os espíritos, conservam os afetos sérios que tinham na terra e se alegram de estar ao lado dos que amaram.

Se a alma ou espírito está ao nosso redor, pode provocar em duas pessoas que se encontram pela primeira vez, como foi o meu caso, auras positivas, facilitando a aproximação, ou então o reencontro, como aconteceu com o Prof. José Fernandes.

Para as duas situações, roubo o final da crônica do meu confrade e repito com ele: - Semper Deo gratias et Mariae!

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