MINHAS CRÔNICAS

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

PROF. JOSÉ FERNANDES, COM O ITAMAR FRANCO FOI DIFERENTE!

Li na semana passada, aqui no Diário da Manhã, o texto “O Brasil fora do Brasil” de autoria do meu confrade da Academia Goiana de Letras, Prof. José Fernandes, onde o mesmo dá vazão ao seu protesto pelo tratamento dispensado pela Embaixada do Brasil em Roma aos movimentos culturais de brasileiros de passagem pela cidade eterna.

O Professor José Fernandes, dentre outros episódios, se refere a dois acontecimentos que destaco por estarem ligados à nossa cultura goiana; o primeiro deles é a respeito do querido escritor, membro da Academia Goiana de Letras, Miguel Jorge, uma das forças vivas da nossa literatura e que estava lançando, com versão em italiano, o seu festejado livro “Vino e sangue” em várias cidades da Itália.

O brasilianista italiano Giovanni Ricciardi, por conhecer a obra de Miguel, fez várias tentativas junto à nossa representação diplomática naquele país, inclusive, pessoalmente com o conselheiro supostamente encarregado dos assuntos culturais, no sentido de promover o lançamento do citado livro na sede da embaixada, porém este se esquivou de fazê-lo.

O outro episódio, que a modéstia do Prof. José Fernandes não permitiu que ele contasse em detalhes, aconteceu com ele mesmo; atendendo convite da Universidade de Nápoles, o Professor pronunciou conferência nas dependências daquela milenar universidade (fundada em 1224), sobre o assunto que o empolga no momento, a ciberpoesia.

Diante do sucesso que ele presenciou e, principalmente, por conhecer a vida literária do Prof. José Fernandes, um das mais fecundas do estado de Goiás, o nosso Giovanni Ricciardi criou coragem e se dirigiu ao nosso Embaixador, solicitando que a nossa embaixada promovesse uma noitada cultural, na qual poderia ser realizada a conferência, já submetida ao crivo da intelligentia da Universidade Italiana. Foi debalde a tentativa!

O título deste meu texto é provocativo, porém me dá a oportunidade de divulgar um episódio ocorrido comigo, cujo desfecho foi completamente diferente do que aconteceu com estes dois luminares da nossa cultura. Conto-lhes:

Em 1996 fui eleito Presidente da International Society of University Colon and Rectal Surgeons, entidade que congregava naquela época, representantes (médicos coloproctologistas) de cinquenta e cinco países; a cerimônia de posse foi marcada para a cidade de Lisboa.

Aliado ao fato de estar orgulhoso pela efeméride (disputei o cargo com dois outros médicos, representantes, respectivamente, dos Estados Unidos e da Itália) achava que era, em última análise, uma homenagem ao nosso país e, porque não dizer, ao nosso Estado de Goiás.

Enviei carta ao Dr. Itamar Franco, naquela época, nosso embaixador em Portugal, dando-lhe detalhes do futuro acontecimento (solenidade de posse a ser realizada no Cassino de Estoril) e pedindo-lhe sustentação logística.

Trinta dias antes do dia aprazado, recebi correspondência da nossa Embaixada, dando conta que o Dr. Itamar Franco não se encontraria em Lisboa na data definida para a solenidade, mas, no entanto, ele encarregara o secretário da Embaixada a dar-me toda a assistência necessária.

Na chegada ao aeroporto de Lisboa, havia um automóvel esperando-me e a minha família, para levar-nos ao Hotel; trinta minutos antes da cerimônia, já no recinto do luxuoso Cassino, recebi a visita do Senhor Secretário da embaixada que, atendendo a recomendação do Dr. Itamar Franco, veio pessoalmente trazer-me o abraço fraternal que ele me enviara, com desejos de sucesso na nova empreitada.

Ao lado deste gesto de cordialidade que me encheu de orgulho por poder mostrar àquela coletividade o respeito do governo brasileiro para com seus cidadãos, pois, de alguma forma eu representava, naquele contexto, o nosso pais, a embaixada patrocinou uma “rodada”de vinhos e alguns salgados para as principais autoridades médicas mundiais ali presentes, extensiva aos membros da minha futura diretoria.

Atendendo a minha solicitação, o chefe do cerimonial convidou o nosso representante legal a tomar assento na mesa diretora dos trabalhos!

São gestos como este, homenagear e, principalmente, prestigiar um modesto médico do interior do Brasil, que mostra a grandeza do nosso ex-presidente Itamar Franco; se voltarmos na história, poderemos nos lembrar de alguns outros episódios que marcaram, indelevelmente, a presença deste mineiro na sua passagem pela política brasileira.

Destaco, apenas para fazer uma interface com o governo da Presidente Dilma, que tem assumido postura semelhante; o afastamento do seu Chefe da Casa Civil Henrique Hargreaves, naquela época com suspeita de cometer irregularidades; depois de esclarecido os fatos, o Ministro voltou muito mais fortalecido.

É bom lembrar que aquele Ministro era um dos maiores amigos de Itamar Franco, tendo acompanhado-o até o momento da sua morte; pesava contra ele apenas uma acusação, não havia provas concretas, no entanto, Itamar fez o que nossos governantes deveriam fazer sempre!

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial