MINHAS CRÔNICAS

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O ULTIMO DIA DE VIDA DE CHARLES DICKENS


 Provavelmente, Charles Dickens foi o mais popular romancista da era  Vitoriana (o nome “Vitoriana” advém da influência, principalmente sobre os costumes,  que a Rainha Vitória exerceu sobre toda a comunidade inglesa, durante seu longo reinado).
                                   A biografia de Dickens tem sido discutida à exaustão, principalmente na Inglaterra, onde ele nasceu (1812), viveu e morreu (1870); para servir como exemplo da sua importância na literatura mundial, basta que se diga que todos os seus livros continuam sendo editados e reeditados no presente, principalmente os seus dois  maiores clássicos “Oliver Twist” e “David Coperfield”, este último, praticamente  a sua autobiografia.
                                   Gostaria de dividir com meus leitores o que “ouvi” do escritor  e famoso biografo inglês, Peter Ackroyd, quando ele, ao escrever a biografia de Dickens, narra o último dia da sua vida, ocorrida na sua casa de campo situada em Gad´s Hill, no condado de Kent, perto da cidade de Londres;  a região é, também, conhecida como os “Jardins da Inglaterra” pela sua beleza exuberante.
                                   Em suas memórias, Dickens deixou registrado que quando criança, com a idade de mais ou menos 9 anos de idade, costumava passar,  com muita frequência, em frente desta casa e seu pai certa feita lhe disse: - Se você trabalhar bastante e ajuntar dinheiro, esta casa poderá ser sua no futuro; daí para frente estas palavras persistiram sempre nas suas lembranças, até que em 1856 ele, já romancista famoso, conseguiu comprá-la pelo valor de 1.790 libras esterlinas.
                                   Esta casa passou a exercer um verdadeiro fascínio para o escritor, ali ele escreveu muitos dos seus romances e além do seu orgulho de ter conseguido cumprir o sonho do seu pai, ele tinha muita referência literária pelo local, uma vez que Shakespeare descreveu algumas cenas de “Henrique V”  como tendo sido ocorridas naquele sitio.
                                   Peter Ackroyd, seu biografo como dissemos acima, narra os acontecimentos que antecederam a morte de Dickens com realismo extraordinário, ouçamo-lo:
                                   “Era uma quarta feira, dia 8 de junho de 1870, Dickens estava em casa, na Gad´s Hill, rodeado por jardins que eram coalhados de flores e cantos de passarinhos, cuja audição do som era facilitada pelo fato da janela do seu escritório estar sempre aberta; ele amanheceu o dia com bom humor, sentou-se para continuar seu trabalho, estava escrevendo um romance policial “O Mistério de Edwin Droad”, possivelmente sob a influência do seu amigo, o escritor Wilkie Collins, um dos pioneiros do romance policial na Inglaterra; tinha 58 anos de idade e estava escrevendo e vendendo seus livros como nunca.
                                   Ele escreveu por poucas horas, suas ultimas palavras transcritas no papel eram de comovente vivacidade, cheias de movimento, cenas iluminadas; ele agora experimenta fumar um charuto para se relaxar, depois verifica sua correspondência, antes de se juntar a sua irmã Georgina para uma refeição a dois; Georgina informa que logo após sentarem-se à mesa, observou que ele estava com algum problema e pergunta-lhe o que estava ocorrendo.
                                   Sequencialmente ele tenta falar, para por um momento e logo recomeça, agora fala com muita rapidez e com palavras desconexas; Georgina levanta-se da sua cadeira e, alarmada, diz para ele – venha deitar! Sim! Responde ele, deixe-me deitar no chão. Ele já estava inconsciente, estado do qual nunca mais se recuperou, tendo morrido no dia seguinte.
                                   Como primeiro socorro, como era o costume, Georgina removeu o colarinho da sua camisa (era comum os homens da era Vitoriana, usarem um colarinho destacável, que era preso à camisa por um botão de pressão), colocou um lenço separando as duas arcadas dentárias e tentou puxar sua língua para fora da boca.
                                   Como curiosidade, estes colarinhos “postiços” eram removidos e lavados diariamente, as camisas semanalmente, com a intenção, provável, de diminuir as despesas com lavanderia. 
                                   O diagnóstico presuntivo do seu problema pode ter sido um aneurisma cerebral e o colarinho que ele usava foi leiloado, há alguns anos, pela famosa casa de leilões de Londres a Sotheby´s, que, aliás, ainda estava sujo do seu suor; alguém sugeriu que se tentasse procurar nesta amostra de tecido, impregnada pelo suor do romancista, amostras do seu DNA e quem sabe, conseguir-se fazer um clone de Charles Dickens, já que em vida ele foi considerado inimitável.
                                   De minha parte, eu preferiria saber o final que ele estava imaginando para o romance que ele estava escrevendo!


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