BRINDEMOS A FELICIDADE COM UMA TAÇA DE VINHO!
Já
estávamos há uma semana em um Resort em Porto de Galinhas, bela praia
localizada nas imediações de Recife e já começávamos a “cansar” dos
restaurantes da região; por mais que o ambiente da praia nos provoque para a
degustação de camarões e outros frutos do mar, chega um ponto que ultrapassa o
limite do bom senso.
Meu genro,
Dr. Antonio Leite, consultou um nosso fraterno amigo comum, o Torres, que
embora esteja morando em Goiânia, nasceu em Recife, portanto... Bendita a hora
que falamos com ele, indicou-nos o restaurante Domingos, com o respectivo
endereço.
Ambiente
simpático e, sobretudo acolhedor; fomos atendidos com grande simpatia,
inicialmente por uma recepcionista que sabia o que estava fazendo; depois, já
sentados à mesa, dois “curumins”, com discrição e cortesia forneceu-nos a lista
de vinhos; quase que de imediato, o garçom que iria nos atender durante toda a
nossa permanência se aproximou da mesa e se colocou à nossa disposição.
Em comum
acordo decidimos escolher o vinho, antes de definirmos o cardápio da refeição;
depois de breve discussão, houve consenso para o maravilhoso vinho argentino –
Angélica Zapata que como sabemos, é um Cabernet Sauvignon, no caso presente, da
safra 2007; as duas damas, Marilia e Ana Paula, fizeram a prova, aprovado!
A presença
deste vinho levou-nos, Marília e eu, a recordar da última vez que estivemos na
região de Mendonza-Argentina, onde tivemos oportunidade de provar uma
infinidade de vinhos, a maioria deles proveniente da uva Malbec; falamos da
nossa visita à “bodega” Alta Vista, de proprietários franceses, onde provamos o
maravilhoso “Alta Vista Classic”, feito da uva Cabernet Sauvignon. Ao
despejá-lo no cálice, exibe sua exuberante cor vermelho-purpura, aroma intenso
de frutas e ao prová-lo, quase não se percebe a presença do tanino, persistindo
o gosto na boca por muito tempo. Vinho extraordinário!
Antonio
propôs um brinde, quando até a Marilinha fez tin-tin com o seu copo de guaraná;
o comandante do brinde disse algumas palavras referentes à nossa estada tão
agradável e, sem delongas, houve a tradicional “batida de copos”; alguém já
disse que a felicidade são momentos felizes; estávamos felizes!
Antonio
Neto, como sempre muito curioso, quis saber quem inventou o tin-tin; dei-lhe a
explicação que ouvi, há muitos anos do Dr. João Damasceno Porto, médico amigo e
amante do vinho, embora ele tenha me afirmado na ocasião, que não tem
compromisso com estes dizeres, ouçam o que expus ao meu neto:
- Dionísio,
deus grego do vinho e da fertilidade (não confundir com Baco), iniciou a
prática de fazer o som ao bater duas taças uma na outra, para que a experiência
sensorial de degustar um vinho seja mais completa; o vinho evocava, até então,
quatro dos cinco sentidos (vista, olfato, tato “na boca” e gosto), a audição
estava ausente, portanto...
Não sei se foi de Dionisio esta outra afirmativa: -
Normalmente o brinde deveria, não por casualidade, começar no final da comida,
depois que o prato principal e a sobremesa já foram terminados, momento em que
estamos em paz com nosso estômago e com a língua “mais solta”.
João Paulo, que até aquele momento nada falava, só ouvia,
aliás, como é o seu costume (que Deus me perdoe esta mentira!), quis saber, com
a nítida intenção de dar um aperto no Vô, de onde veio a palavra tin-tin; para
azar do “vagabundo”, desta vez eu sabia a explicação e divido minha “sabença”,
como diria meu amigo Batistão, com meus leitores que ainda não sabem:
- Tin-tin é expressão universal, é uma onomatopeia da palavra
chinesa chin-chin (chin – felicidades, chin-chin, muitas felicidades).
Como todos observaram, nada falei sobre o prato que
escolhemos (bacalhau), sobre o soberbo e gabaritado atendimento prestado pelo
maitre Marcelo Melo e tampouco falei sobre a suavidade do piano que tocava, à
surdina, no fundo do restaurante, músicas suaves, como convinha; é sempre
assim, o vinho, como aconteceu com o Angélica Zapata daquela noite, costuma
assumir a onipresença do ambiente onde ele é degustado e principalmente as
circunstâncias que leva um grupo de pessoas, como acontecia ali, a comungar
momentos de felicidade pelo encontro, que será único, como sempre é único cada
encontro.
Não sei se
foi o vinho que tornou o bacalhau tão apetitoso ou se foi a nobreza do
atendimento do maitre Marcelo Melo, que tornou aquele momento único e especial,
ou se foi o piano, executado pelo pianista Eron Silveira, que harmonizou ainda
mais o que já estava agradável.
Não sei! Por mais que tente encontrar palavras que sintetizem
esta harmonia, não consigo, porém, acho que estou em boa companhia; vejam o que
disse o escritor argentino Ernesto Sabato:
- Bastam umas poucas notas para que Mozart (Eron Silveira)
crie uma atmosfera tão sutil e inefável que um escritor não conseguirá, jamais,
suplantá-lo com qualquer número de páginas que ele escreva.
Foi o que aconteceu naquela noite quando o pianista tocou, a
nosso pedido, a maravilhosa canção austríaca “Edelweiss-edelvais” como grande
finale.
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