MINHAS CRÔNICAS

domingo, 16 de fevereiro de 2014

BRINDEMOS A FELICIDADE COM UMA TAÇA DE VINHO!


                    Já estávamos há uma semana em um Resort em Porto de Galinhas, bela praia localizada nas imediações de Recife e já começávamos a “cansar” dos restaurantes da região; por mais que o ambiente da praia nos provoque para a degustação de camarões e outros frutos do mar, chega um ponto que ultrapassa o limite do bom senso.
            Meu genro, Dr. Antonio Leite, consultou um nosso fraterno amigo comum, o Torres, que embora esteja morando em Goiânia, nasceu em Recife, portanto... Bendita a hora que falamos com ele, indicou-nos o restaurante Domingos, com o respectivo endereço.
            Ambiente simpático e, sobretudo acolhedor; fomos atendidos com grande simpatia, inicialmente por uma recepcionista que sabia o que estava fazendo; depois, já sentados à mesa, dois “curumins”, com discrição e cortesia forneceu-nos a lista de vinhos; quase que de imediato, o garçom que iria nos atender durante toda a nossa permanência se aproximou da mesa e se colocou à nossa disposição.
            Em comum acordo decidimos escolher o vinho, antes de definirmos o cardápio da refeição; depois de breve discussão, houve consenso para o maravilhoso vinho argentino – Angélica Zapata que como sabemos, é um Cabernet Sauvignon, no caso presente, da safra 2007; as duas damas, Marilia e Ana Paula, fizeram a prova, aprovado!
            A presença deste vinho levou-nos, Marília e eu, a recordar da última vez que estivemos na região de Mendonza-Argentina, onde tivemos oportunidade de provar uma infinidade de vinhos, a maioria deles proveniente da uva Malbec; falamos da nossa visita à “bodega” Alta Vista, de proprietários franceses, onde provamos o maravilhoso “Alta Vista Classic”, feito da uva Cabernet Sauvignon. Ao despejá-lo no cálice, exibe sua exuberante cor vermelho-purpura, aroma intenso de frutas e ao prová-lo, quase não se percebe a presença do tanino, persistindo o gosto na boca por muito tempo. Vinho extraordinário!
            Antonio propôs um brinde, quando até a Marilinha fez tin-tin com o seu copo de guaraná; o comandante do brinde disse algumas palavras referentes à nossa estada tão agradável e, sem delongas, houve a tradicional “batida de copos”; alguém já disse que a felicidade são momentos felizes; estávamos felizes!
            Antonio Neto, como sempre muito curioso, quis saber quem inventou o tin-tin; dei-lhe a explicação que ouvi, há muitos anos do Dr. João Damasceno Porto, médico amigo e amante do vinho, embora ele tenha me afirmado na ocasião, que não tem compromisso com estes dizeres, ouçam o que expus ao meu neto:
            - Dionísio, deus grego do vinho e da fertilidade (não confundir com Baco), iniciou a prática de fazer o som ao bater duas taças uma na outra, para que a experiência sensorial de degustar um vinho seja mais completa; o vinho evocava, até então, quatro dos cinco sentidos (vista, olfato, tato “na boca” e gosto), a audição estava ausente, portanto...
Não sei se foi de Dionisio esta outra afirmativa: - Normalmente o brinde deveria, não por casualidade, começar no final da comida, depois que o prato principal e a sobremesa já foram terminados, momento em que estamos em paz com nosso estômago e com a língua “mais solta”.
João Paulo, que até aquele momento nada falava, só ouvia, aliás, como é o seu costume (que Deus me perdoe esta mentira!), quis saber, com a nítida intenção de dar um aperto no Vô, de onde veio a palavra tin-tin; para azar do “vagabundo”, desta vez eu sabia a explicação e divido minha “sabença”, como diria meu amigo Batistão, com meus leitores que ainda não sabem:
- Tin-tin é expressão universal, é uma onomatopeia da palavra chinesa chin-chin (chin – felicidades, chin-chin, muitas felicidades).
Como todos observaram, nada falei sobre o prato que escolhemos (bacalhau), sobre o soberbo e gabaritado atendimento prestado pelo maitre Marcelo Melo e tampouco falei sobre a suavidade do piano que tocava, à surdina, no fundo do restaurante, músicas suaves, como convinha; é sempre assim, o vinho, como aconteceu com o Angélica Zapata daquela noite, costuma assumir a onipresença do ambiente onde ele é degustado e principalmente as circunstâncias que leva um grupo de pessoas, como acontecia ali, a comungar momentos de felicidade pelo encontro, que será único, como sempre é único cada encontro.
            Não sei se foi o vinho que tornou o bacalhau tão apetitoso ou se foi a nobreza do atendimento do maitre Marcelo Melo, que tornou aquele momento único e especial, ou se foi o piano, executado pelo pianista Eron Silveira, que harmonizou ainda mais o que já estava agradável.
Não sei! Por mais que tente encontrar palavras que sintetizem esta harmonia, não consigo, porém, acho que estou em boa companhia; vejam o que disse o escritor argentino Ernesto Sabato:
- Bastam umas poucas notas para que Mozart (Eron Silveira) crie uma atmosfera tão sutil e inefável que um escritor não conseguirá, jamais, suplantá-lo com qualquer número de páginas que ele escreva.
Foi o que aconteceu naquela noite quando o pianista tocou, a nosso pedido, a maravilhosa canção austríaca “Edelweiss-edelvais” como grande finale.

   



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