MINHAS CRÔNICAS

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A ACADEMIA GOIANA DE LETRAS HOMENAGEIA UMA FLOR-MULHER: AMÁLIA HERMANO TEIXEIRA.

Dentre as atribuições da Academia Goiana de Letras, destacamos a necessidade de repercutir a saudade que a comunidade, especialmente a comunidade envolvida com as letras e as artes do nosso estado, guarda de algumas figuras que enriqueceram, a seu tempo, nosso meio cultural.
Atendendo ao reclamo dos seus acadêmicos, na quinta feira da semana passada, dia 19 de agosto, a Academia Goiana de Letras abriu as portas da sua Casa de Cultura Altamiro de Moura Pacheco, localizada na Avenida Araguaia, para homenagear a memória de Amália Hermano Teixeira.
Acontecimento que será lembrado por muito tempo, por todos aqueles que compareceram àquela solenidade, superlotando aquele nosso auditório; momentos de emoção e lirismo, de beleza e cultura e, principalmente, momentos de encontro com o passado.
O Diretor da Casa, Ac. Prof. José Fernandes, com a sua verve fácil de entusiasmo dá as boas vindas aos presentes e tece considerações a respeito dos nossos projetos culturais para este segmento da Academia Goiana de Letras.
O orador oficial da cerimônia foi o Presidente da Academia de Letras de Trindade, Ac. Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado; a escolha não poderia ser mais adequada. Bento conviveu, durante muitos anos, com Amália, tendo sido, inclusive, seu secretário-datilógrafo particular, função que executou com desvelo e carinho, pois ali, na casa situada na Rua 24, no centro de Goiânia, ele era considerado como o filho que Amália nunca teve.
Suas palavras, carregadas de emoção, levaram alguns dos presentes às lágrimas; iniciou falando das flores, especialmente das orquídeas que ela cultivava: “ela foi uma orquídea muito especial que continua embelezando o jardim de nossa sensibilidade por sua presença que se traduz, permanentemente, em luz definitiva. E não se apaga a luz de quem edifica sólida estrutura que cria raízes no tempo. Mesmo que essa luz feneça, haverá sempre quem enxergue seu rastro na imensidão das coisas que Deus criou.”
Falando de improviso, Bento, em momento de incontido arrebatamento, foi, também, dominado pela emoção; enquanto as frases, vindas do fundo da alma, irrompiam-lhes dos lábios, foram percebidas algumas lágrimas a lhe escorrerem pelo rosto, principalmente quando, quase que no final da oração, falou com alguma dificuldade
“Amália Hermano Teixeira é assim, viva e traduzida em saudade no coração de todos pela sua vida marcada pelo intenso plantar, de permanente semear e os frutos e as flores hoje, desabrocham mostrando o quanto foi lindo o tempo de preparo, de plantio, ficando marcada no calendário dos fatos, a marca viva dos semeadores”.
O Dr. José Hermano, irmão de Amália, falou em nome da família; muito emocionado, discorreu sobre a vida desta criatura que deixou um rastro de luz na estrada que percorreu; morta, continua espargindo cultura pelos livros que publicou, semeando lembranças pelas flores que cultivou, especialmente a orquídea que leva o seu nome “Cattléa Amalie”.
Vários acadêmicos da AGL falaram durante o acontecimento, todos enaltecendo a figura extraordinária desta mulher que dominou, com a sua presença, simpatia e humildade, o seu tempo; Brasigóis Felício, no ato também representando a UBE, lembrou, com carinho, da amiga que lhe acolhia na sua casa; Alaor Barbosa recorda da sua vida no Rio de Janeiro, quando teve a felicidade de desfrutar do seu contubérnio, na ocasião em que ela fazia pesquisas para o seu livro sobre a História de Goiás; Geraldo Coelho Vaz, ao lado de destacar a sua aproximação com a majestosa figura de Amália, propõe que a AGL envie oficio ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, sugerindo o nome de Maximiano da Mata Teixeira, para a biblioteca que aquela Corte de Justiça pretende inaugurar em breve. Como argumento para esta pretensão, Geraldo lembra, dentre outros inúmeros predicados (Humanista, Desembargador e escritor de nomeada), que Maximiano foi esposo e companheiro de Amália por 47 anos.
O acadêmico e também Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Aidenor Aires, trouxe a noticia mais esperada pela comunidade cultural goiana; graças à mediação da entidade que ele preside, foi conseguida a verba, junto à Prefeitura de Goiânia “Projeto de Incentivo à Cultura”, para a impressão do livro de quase 1.000 páginas, que Amália deixou pronto, intitulado “História de Goiás”.
Foram exibidos vários vídeos, alguns inéditos, retratando a vida de Amália, sua família e seus amigos, especialmente os integrantes da área cultural.
O encerramento da solenidade não poderia ter sido mais festivo: apresentação do “Coral Toscanelli” que é constituído, em sua maioria, por cantores da colônia Italiana que vivem em Goiânia; a maestrina Profa. Elen Lara selecionou, especialmente para esta festividade, vários números do seu repertório, agradando, sobremaneira, os presentes.
Foi uma tarde-noite inesquecível!
Peço licença ao Ac. Bento Curado para citá-lo, mais uma vez:
“No vasto jardim de Goiás haverá sempre um espaço para a flor-mulher que foi Amália Hermano Teixeira e ela será sempre-viva em nossos corações”








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