MINHAS CRÔNICAS

terça-feira, 10 de agosto de 2010

RIO ARAGUAIA – RELATOS PARA A HISTÓRIA

Semana passada estive no acampamento “Capim Puba” da família Costa Campos, montado em uma pequena ilha do rio Araguaia, nas imediações da barreira do Tibúrcio, um pouco abaixo das Cangas.
Esta família, à qual estou ligado há muitos anos por fortes laços de amizade, faz a gentileza de me convidar todos os anos para este passeio maravilhoso; no inicio, década de 1970, ia com toda minha família; à medida que o tempo foi passando, os filhos não quiseram permanecer crianças e, como aves de arribação, alçaram vôos e foram pousar em outros acampamentos habitados por outros amigos do mesmo grupo etário que eles.
Ficamos, Marília minha mulher, e eu; neste ano, devido à presença de uma neta recém-nascida, nem ela pode me acompanhar; não sei se foi somente o atavismo avoenga ou, se realmente, ela não estava com coragem de enfrentar as nossas areias brancas neste ano.
Quem conhece os acampamentos do rio Araguaia e não visitou o “Capim Puba” não poderá dizer que os conhece; os irmãos Olay, Omary e João frequentam as barrancas do rio desde quando eram crianças; não faz muito tempo vi uma fotografia do Olay correndo nas areias da praia “Mata corá” com a idade entre quatro e cinco anos; por incrível que pareça, o Olay, nesta foto, brincava com uma menina que veio a se tornar sua esposa, a nossa querida Neusa.
Neste ano me desencontrei do Olay, ele voltou uma semana antes da minha chegada; não preciso dizer o quanto isto me entristeceu, pois, sempre aproveitamos estes momentos, na verdade, os dias de reencontro, para colocar nossos assuntos em dia; falamos sobre quase tudo, principalmente literatura, música e estórias acontecidas no Araguaia (com ele, sua família e com os ribeirinhos). Em resumo, “jogamos palavras ao rio”.
Felizmente minha empatia com o Omary, João e seus respectivos familiares é superponível ao que ocorre entre mim e o Olay, portanto, os dias correram tranquilos e alegres; quase que todo o dia e parte da noite estivemos sentados em confortáveis cadeiras de recostar, pés estirados sobre a areia macia, falando bem e mal de todo mundo e, de vez em quando, para que as palavras não saíssem muito ressequidas, ingeríamos umas e outras cervejinhas, normalmente bem geladas.
Não me lembro se algum membro do acampamento (éramos mais de vinte pessoas) tenha saído para pescar; parece que a necessidade de fisgar um peixe passou a ser um complemento desnecessário no passeio; a interação e, principalmente, a preocupação com a preservação da natureza é o primordial.
Numa destas noites, na primeira que a lua cheia surgiu esplendorosa por detrás de uma montanha situada bem no nosso visual, despertou-me a curiosidade de saber detalhes acerca da história dos acampamentos no rio Araguaia; estavam ali comigo duas pessoas que, de alguma maneira, fizeram esta história.
Conto-lhes o que ouvi do Omary e do João para que fique registrado nos anais da história do Araguaia.
Tudo começou com o Sr. José Alencastro Veiga (Zeca Alencastro), proprietário de uma casa de secos e molhados na cidade de Goiás, chamada “Casa Alencastro Veiga”, aliás, local onde funcionava, no inicio de 1901, um atelier de fotografias de nome Photographo, do próprio Sr. Zeca.
Em 1929/30 o Sr. Zeca passou a ser representante da indústria Ford para o estado de Goiás; a primeira venda (um fordinho 29) ocorreu para um comerciante de nome Sr. Henrique Vieira; porém, a venda era casada com uma condição: O Sr. Zeca seria obrigado a arranjar um motorista para ensinar o comprador a dirigir.
Segundo informações que corriam, à “boca pequena”, em Itumbiara existia um homem, conhecido pelo apelido de Sr. Dico, capaz de resolver a difícil situação; O Sr. Zeca não teve dúvida, viajou até Itumbiara e contratou o indigitado motorista e trouxe-o para a cidade de Goiás, onde, além de cumprir o trato (ensinar o comprador do carro a dirigir), acabou se casando com uma irmã do Sr. Zeca, Sra. Nieta Veiga Jardim.
Parece que estou “rodeando muito o toco” para explicar o que propus; por causa disso, o espaço que me foi concedido para esta semana acabou.
Resta-me suplicar aos meus leitores indulgência pela minha dificuldade, vicio que trago desde criança (Minas Gerais) e que se acentuou com a minha vivência com os Goianos: contar o caso e explicar os fatos.
Se me concederem a desculpa, acho que posso pedir-lhes que me acompanhem na próxima semana, para que eu possa acrescentar mais alguns fatos a esta história dos acampamentos nas praias do rio Araguaia.

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