MINHAS CRÔNICAS

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Gato, papagaio, televisão e outras futricas

O assunto só veio à tona porque o menino Felipe chegou de lá trazendo a notícia:
- Eles não têm gelo; demorei um pouco porque a mulher do senhor Neguinho pediu para eu ajudar a procurar o gato.
- Não há quem encontre este gato, replicou de imediato a Da. Marcelinha.
- Por quê? Quis saber Marília, minha mulher; curiosa e, sobretudo, preocupada com os animais de estimação dos peões.
- Bão, não tenho certeza, mas acho que o senhor Neguinho o matou e enterrou lá praqueles cafundós, no meio daquela capoeira de assa-peixe, vizinho do pasto barba de bode.
- Acuma? Por que ele fez isto Da. Marlene, interrompeu a já assustada Da. Maria, esposa do Fidelino; aliás, naquela altura, todos os que participavam da animada reunião da cozinha ficaram curiosos.
- Bão, não tenho certeza, mas a filha dela contou para nós que o gato deu um pulo “prá riba” do som do senhor Neguinho e derrubou tudo no chão; depois disto, o som não funcionou mais. O problema maior é que o senhor Neguinho quando “bebe” fica meio azaranzado e, sem mais quê nem pra quê, deixa todo mundo desorientado na casa deles; é um Deus nos acuda! É só começar a beber uns goles a sua mulher, na companhia das crianças, já fica esperta; junta tudo quanto é espécie de faca e esconde; imagine que até as daqui de casa tenho que esconder! De imediato a mulher manda uma das crianças correr aqui em casa dando o aviso e eu, de imediato, escondo todas as minhas facas.
- Mas Da. Marlene, a casa deles é tão distante da sua e, mesmo assim, ele vai até lá na busca de faca?
- Bão, até hoje não foi; mas é bom não descuidar!
- Se eu fosse a senhora, Da. Marlene, volta a intervir a Marília, ainda curiosa e agora, como se vê, preocupada com as crianças, não deixava os seus filhos se aproximarem da casa dele, porque a gente nunca sabe quando ele está meio “loco”.
- Felipe, quem mandou você ir lá agora?
- Foi o Dotô que mandou buscar gelo pra bebida dele!
- Ah, tá bão! É por isto que eu falo que foi o senhor Neguinho quem matou o gato numa destas crises de bebedeira com loucura. “Anliás” ele fala que foi o cachorro quem matou o gato, mas não acredito nisto, porque os dois animais foram criados juntos desde pequenos, como se fossem irmãos. Você não há de ver que o senhor Neguinho teve a coragem de ajudar a procurar o gato no terreiro? Acho muita falta de consideração, não é mesmo? Mas, também, acho que ela não era boa dona de gato, “anliás”, longe de eu querer feitorar a casa dela, nem bancar a leva e traz “aporém”, fiquei sabendo que até o papagaio que ela tem, já bicou no seu pé por duas vezes. Fico assuntando: animal de estimação, igual ao papagaio, não bica no dono, não é mesmo Da. Marília?
Bastante preocupada com animais de estimação, como vimos acima e, sobretudo, com desejo de se inteirar um pouco mais destes problemas que afligiam a vida cotidiana dos nossos funcionários, Marília, com a calma que lhe é peculiar, quis saber, na opinião de Da. Marlene, qual seria a razão do papagaio ter bicado a sua proprietária.
- “Seio” não. Só “seio” que depois disto o bichinho não quer mais morar lá com eles!
O assunto sobre o gato começara a esfriar, resolvo perguntar o que ela achou da nossa nova antena parabólica.
- É muito boa, “Dotô”, é melhor até que a do senhor Neguinho, a imagem aqui está muito melhor que a dele! Eu e o Catalão é que não estamos muito satisfeitos, porque as duas antenas ligadas perto da nossa casa “chupou” todas as imagens e a nossa televisão piorou um absurdo; agora, se eu quero assistir a novela, o Catalão tem que ficar do lado de fóra da casa, controlando a direção do pau da antena, ah, ah, ah!
- O pior de tudo, interveio o Catalão, quem escuta de longe a gritaria da minha mulher, pode entender de maneira errada o que ela está dizendo: vira o pau para a direita! Vira o pau para a esquerda! Segura o pau neste rumo ai mesmo benzinho! Não mexa o pau agora amor, estão quase beijando!
Para evitar futuros desdobramentos e mal entendidos, doei a nossa antiga antena para o casal.

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