TELEFONE CELULAR – AME-O OU DEIXE-O
De vez em
quando converso com alguns amigos a respeito da mudança de comportamento que a
sociedade vem experimentando, ditada pela “intromissão” da internet em nossas
vidas.
Alguns
destes interlocutores só conseguem ver pontos negativos, outros são mais
otimistas, sentindo que não há como desconhecer a sua presença, conseguem
aproveitar a oportunidade que lhe é oferecida para se organizarem.
Coloco-me
entre estes últimos, embora com grande dificuldade para acompanhar a “onda” mudancista;
até hoje ainda não entendi, adequadamente, como o fax funciona e este aparelho
já quase não existe mais.
Sei que
estou em boa companhia nesta minha ignorância cibernética, a diferença é que
muitos, principalmente alguns da minha geração, não assumem esta incapacidade;
o problema é que a capacidade armazenadora de informações do nosso cérebro é
finita, nossos neurônios não reproduzem, pelo menos não com a velocidade
necessária para repor as células nervosas que perdemos na trajetória da nossa
vida.
Outro dia
tive um problema com meu aparelho celular (I phone) e sai à procura de alguém
com “expertise” para consertá-lo; fui a várias “oficinas” especializadas e cada
um me mencionava um tipo de defeito a ser corrigido. Para dizer a verdade,
acabei me divertindo com a “excursão”, ouvia as informações, comparava com
outras que havia recebido e estava ficando cada vez mais confuso.
O último
lugar onde fui me deixou inconformado; seu telefone, disse o jovem (18 anos?)
que me atendeu (não precisaria nem dizer “jovem”, pois em nenhum destes lugares
que peregrinei encontrei alguém com idade superior a 40 anos) – está sem o vibrador,
o senhor o retirou?
Fiquei até
satisfeito por ele achar que eu seria capaz de retirar este suplemento de
dentro do telefone (na verdade não sei nem como é a aparência do dito cujo,
quanto mais retirá-lo).
Voltei ao
último lugar onde havia ido; quase fui denunciado por calúnia – O senhor acha
que iríamos roubar alguma coisa do seu telefone? Não é isto que estou dizendo,
apenas gostaria de saber se na hora de desmontá-lo para procurar o defeito, não
ficou esta “pecinha” para trás.
Achei melhor
trocar de telefone!
Em uma destas “pesquisas” encontrei,
enquanto aguardava a vez de ser atendido, um senhor de aparência muito simples,
ostentando um chapéu de cowboy e com botinas rigideiras e, pela discussão que
ouvi, sugeriu-me ser analfabeto “de pai e mãe” como dizemos quando queremos
acrescentar a palavra “bronco”.
Qual o
problema do seu telefone? Disse-lhe o jovem (pleonasmo) atendente; a resposta
foi na “lata”: Se eu soubesse não teria vindo aqui!
A partir daí
ficou mais difícil o diálogo, o jovem começou a falar com o amigo em termos bem
técnicos – o seu telefone é um galaxy (sic) e as configurações precisam ser
refeitas, a não ser que o senhor não tenha interesse em “baixar” alguns programas,
tipo “compartilhar mídia, gerenciador de tarefas, arquivos, etc.”.
- Na
verdade, o que quero é falar no telefone meu amigo!
Seu telefone
não está na garantia? Perguntei, tentando ajudar o conterrâneo e, também, para
diminuir o nível da conversação. - Não sei, disse ele, com evidente alivio pela
minha intervenção - Troquei o meu, que era pré-pago, com um amigo que tinha um
pós-pago, tentei colocar o meu ”chipis” que era da vivo e não encaixou em lugar
nenhum, agora não quer encaixar as linhas para falar.
Com este nó
na cabeça, achei melhor aceitar minha ignorância e deixar de dar palpites em
assunto que não entendo e, principalmente, onde não fui convidado.
Aguardei minha
vez!