MINHAS CRÔNICAS

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

TELEFONE CELULAR – AME-O OU DEIXE-O


              De vez em quando converso com alguns amigos a respeito da mudança de comportamento que a sociedade vem experimentando, ditada pela “intromissão” da internet em nossas vidas.
            Alguns destes interlocutores só conseguem ver pontos negativos, outros são mais otimistas, sentindo que não há como desconhecer a sua presença, conseguem aproveitar a oportunidade que lhe é oferecida para se organizarem.
            Coloco-me entre estes últimos, embora com grande dificuldade para acompanhar a “onda” mudancista; até hoje ainda não entendi, adequadamente, como o fax funciona e este aparelho já quase não existe mais.
            Sei que estou em boa companhia nesta minha ignorância cibernética, a diferença é que muitos, principalmente alguns da minha geração, não assumem esta incapacidade; o problema é que a capacidade armazenadora de informações do nosso cérebro é finita, nossos neurônios não reproduzem, pelo menos não com a velocidade necessária para repor as células nervosas que perdemos na trajetória da nossa vida.
            Outro dia tive um problema com meu aparelho celular (I phone) e sai à procura de alguém com “expertise” para consertá-lo; fui a várias “oficinas” especializadas e cada um me mencionava um tipo de defeito a ser corrigido. Para dizer a verdade, acabei me divertindo com a “excursão”, ouvia as informações, comparava com outras que havia recebido e estava ficando cada vez mais confuso.
            O último lugar onde fui me deixou inconformado; seu telefone, disse o jovem (18 anos?) que me atendeu (não precisaria nem dizer “jovem”, pois em nenhum destes lugares que peregrinei encontrei alguém com idade superior a 40 anos) – está sem o vibrador, o senhor o retirou?
            Fiquei até satisfeito por ele achar que eu seria capaz de retirar este suplemento de dentro do telefone (na verdade não sei nem como é a aparência do dito cujo, quanto mais retirá-lo).
            Voltei ao último lugar onde havia ido; quase fui denunciado por calúnia – O senhor acha que iríamos roubar alguma coisa do seu telefone? Não é isto que estou dizendo, apenas gostaria de saber se na hora de desmontá-lo para procurar o defeito, não ficou esta “pecinha” para trás.
            Achei melhor trocar de telefone!
             Em uma destas “pesquisas” encontrei, enquanto aguardava a vez de ser atendido, um senhor de aparência muito simples, ostentando um chapéu de cowboy e com botinas rigideiras e, pela discussão que ouvi, sugeriu-me ser analfabeto “de pai e mãe” como dizemos quando queremos acrescentar a palavra “bronco”.
            Qual o problema do seu telefone? Disse-lhe o jovem (pleonasmo) atendente; a resposta foi na “lata”: Se eu soubesse não teria vindo aqui!
            A partir daí ficou mais difícil o diálogo, o jovem começou a falar com o amigo em termos bem técnicos – o seu telefone é um galaxy (sic) e as configurações precisam ser refeitas, a não ser que o senhor não tenha interesse em “baixar” alguns programas, tipo “compartilhar mídia, gerenciador de tarefas, arquivos, etc.”.
            - Na verdade, o que quero é falar no telefone meu amigo!
            Seu telefone não está na garantia? Perguntei, tentando ajudar o conterrâneo e, também, para diminuir o nível da conversação. - Não sei, disse ele, com evidente alivio pela minha intervenção - Troquei o meu, que era pré-pago, com um amigo que tinha um pós-pago, tentei colocar o meu ”chipis” que era da vivo e não encaixou em lugar nenhum, agora não quer encaixar as linhas para falar.
            Com este nó na cabeça, achei melhor aceitar minha ignorância e deixar de dar palpites em assunto que não entendo e, principalmente, onde não fui convidado.
            Aguardei minha vez!