MINHAS CRÔNICAS

terça-feira, 31 de agosto de 2010

COMUNICAÇÃO COM SERES EXTRATERRESTRES

Não faz muito tempo escrevi neste espaço uma crônica sobre “O buraco negro; relatava naquela oportunidade a preocupação de uma nossa funcionária da fazenda a respeito deste difícil assunto; lembro-me que na ocasião não consegui, até mesmo porque não consigo entender bem este assunto, deixá-la tranquila a este respeito.
Recentemente fui novamente abordado, agora com questionamentos até certo ponto mais fácil de pesquisar; ela queria saber como deveria se proceder se ocorrer, sem mais nem menos, que um extraterrestre descesse nos pastos da nossa fazenda.
É claro que fiquei curioso com o questionamento, diga-se de passagem, eu nunca havia pensado nesta hipótese, quanto menos como deveria proceder; sua sobrinha, que mora em Goiânia “viu na internet” que alguns cientistas estão tentando comunicar com civilizações extraterrestres.
Prometi trazer-lhe novos esclarecimentos para adicionar aos que lhe dei (na verdade nenhum!) e, também, para tentar acalmá-la diante da possibilidade que lhe afligia.
Por sorte encontrei na revista de julho do “London review of books” um artigo muito interessante da lavra do escritor e cientista, membro do Instituto de Tecnologia de Massachusetts - USA, Prof. David Kaiser.
Segundo Kaiser, o interesse por seres extraterrestres tem seu marco inicial em um artigo de dois pesquisadores da Universidade de Cornell - USA, interessados em astrofísica, Cocconi e Morrison, publicado na revista “Nature” em 1959, com o título “Pesquisa em comunicação interestelar”.
Foi o primeiro trabalho publicado em um jornal científico demonstrando uma estratégia, realista, de pesquisa de comunicação com seres extraterrestres inteligentes; os pesquisadores utilizaram-se de porções de ondas do espectro eletromagnético que se propagam no plasma das galáxias, com adequado e, provavelmente, único ajustamento de frequência, por onde tais civilizações inteligentes poderiam se comunicar com a terra.
Este artigo coincidiu com o inicio de um programa criado pelos americanos, denominado SETI (Search for extraterrestrial inteligence – busca de inteligência extraterrestre); acontecimentos estes que combinavam uma grande dose de otimismo, com o desejo americano de supremacia, uma vez que isto se deu dois anos após o lançamento do Sputnik pela União Soviética, era de marcada competição espacial USA-URSS.
Cocconi e Morrison falam da presença no universo de muitas estrelas semelhantes ao nosso sol, algumas semelhantes à terra, onde deveria existir vida e, onde há vida, deveria haver, também, ciência.
Está claro, olhando agora à distância (são mais de 50 anos), vê-se que os dois pesquisadores tiveram que fazer muitos contorcionismos para explicar sua teoria, uma vez que se baseavam, principalmente, na descoberta feita em 1951 de que o átomo de hidrogênio emite micro-ondas chamadas “21-centimetro-linha”; tendo em conta que o hidrogênio é o mais simples e o mais abundante elemento existente; ele pode ser considerado, então, “O único, com frequência padronizada, capaz de ser conhecido por qualquer observador no universo”; mesmo porque, nós, os terrestres, sabemos disto (sic).
Uma das grandes falhas desta teoria é a afirmativa dos dois pesquisadores de que “Uma civilização inteligente deve ter investigações científicas”; esquecem que a ciência não é universal, mesmo aqui na terra e, que a idéia predominante nos anos de 1950-60 de que uma boa ciência levaria a uma boa tecnologia é desmentida pela história.
As antigas civilizações chinesas desenvolveram inacreditáveis tecnologias, porém, pouca ciência, como entendemos como tal, nos dias de hoje.
Em 1993 o congresso americano acabou com a dotação de fundos para o projeto SETI e, agora, a agência nuclear americana está com um desafio: desenhar um símbolo de comunicação para a população da terra que virá daqui a 300.000 anos; se levarmos em consideração que o alfabeto latino existe há 2.600 anos, faz-nos pensar na dificuldade de se encontrar um meio para se comunicar com seres que habitarão nosso planeta daqui a 300.000 anos.
Diante de tanta incerteza a respeito da existência de vida fora do nosso planeta, vejo-me na obrigação de dar ouvidos ao físico e teórico em cosmologia, Dr. Stephen Hawking, que apesar de ser portador de uma grave doença (esclerose amiotrófica) que paulatinamente levou-o a perder os movimentos dos braços e das pernas, assim como do resto da musculatura voluntária, incluindo aí a impossibilidade de manter a cabeça erguida, é considerado uma das maiores inteligências vivas da humanidade.
Disse ele: Tentar fazer contato com alienígenas é uma péssima idéia, pois, de repente uma civilização extraterrestre recebe uma nossa mensagem e pode aparecer em nossa porta, podendo não ser em atitude amigável. Pior se eles vierem com idéias de conquistas e com intenção de nos colonizar.
Para acalmar minha amiga funcionária não poderei expor todas estas teorias, porém, irei informá-la que nestes quase 50 anos de funcionamento do projeto SETI, nunca houve qualquer contato com estes seres, apesar de se manter a aparelhagem de escuta diuturnamente ligada.



quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A ACADEMIA GOIANA DE LETRAS HOMENAGEIA UMA FLOR-MULHER: AMÁLIA HERMANO TEIXEIRA.

Dentre as atribuições da Academia Goiana de Letras, destacamos a necessidade de repercutir a saudade que a comunidade, especialmente a comunidade envolvida com as letras e as artes do nosso estado, guarda de algumas figuras que enriqueceram, a seu tempo, nosso meio cultural.
Atendendo ao reclamo dos seus acadêmicos, na quinta feira da semana passada, dia 19 de agosto, a Academia Goiana de Letras abriu as portas da sua Casa de Cultura Altamiro de Moura Pacheco, localizada na Avenida Araguaia, para homenagear a memória de Amália Hermano Teixeira.
Acontecimento que será lembrado por muito tempo, por todos aqueles que compareceram àquela solenidade, superlotando aquele nosso auditório; momentos de emoção e lirismo, de beleza e cultura e, principalmente, momentos de encontro com o passado.
O Diretor da Casa, Ac. Prof. José Fernandes, com a sua verve fácil de entusiasmo dá as boas vindas aos presentes e tece considerações a respeito dos nossos projetos culturais para este segmento da Academia Goiana de Letras.
O orador oficial da cerimônia foi o Presidente da Academia de Letras de Trindade, Ac. Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado; a escolha não poderia ser mais adequada. Bento conviveu, durante muitos anos, com Amália, tendo sido, inclusive, seu secretário-datilógrafo particular, função que executou com desvelo e carinho, pois ali, na casa situada na Rua 24, no centro de Goiânia, ele era considerado como o filho que Amália nunca teve.
Suas palavras, carregadas de emoção, levaram alguns dos presentes às lágrimas; iniciou falando das flores, especialmente das orquídeas que ela cultivava: “ela foi uma orquídea muito especial que continua embelezando o jardim de nossa sensibilidade por sua presença que se traduz, permanentemente, em luz definitiva. E não se apaga a luz de quem edifica sólida estrutura que cria raízes no tempo. Mesmo que essa luz feneça, haverá sempre quem enxergue seu rastro na imensidão das coisas que Deus criou.”
Falando de improviso, Bento, em momento de incontido arrebatamento, foi, também, dominado pela emoção; enquanto as frases, vindas do fundo da alma, irrompiam-lhes dos lábios, foram percebidas algumas lágrimas a lhe escorrerem pelo rosto, principalmente quando, quase que no final da oração, falou com alguma dificuldade
“Amália Hermano Teixeira é assim, viva e traduzida em saudade no coração de todos pela sua vida marcada pelo intenso plantar, de permanente semear e os frutos e as flores hoje, desabrocham mostrando o quanto foi lindo o tempo de preparo, de plantio, ficando marcada no calendário dos fatos, a marca viva dos semeadores”.
O Dr. José Hermano, irmão de Amália, falou em nome da família; muito emocionado, discorreu sobre a vida desta criatura que deixou um rastro de luz na estrada que percorreu; morta, continua espargindo cultura pelos livros que publicou, semeando lembranças pelas flores que cultivou, especialmente a orquídea que leva o seu nome “Cattléa Amalie”.
Vários acadêmicos da AGL falaram durante o acontecimento, todos enaltecendo a figura extraordinária desta mulher que dominou, com a sua presença, simpatia e humildade, o seu tempo; Brasigóis Felício, no ato também representando a UBE, lembrou, com carinho, da amiga que lhe acolhia na sua casa; Alaor Barbosa recorda da sua vida no Rio de Janeiro, quando teve a felicidade de desfrutar do seu contubérnio, na ocasião em que ela fazia pesquisas para o seu livro sobre a História de Goiás; Geraldo Coelho Vaz, ao lado de destacar a sua aproximação com a majestosa figura de Amália, propõe que a AGL envie oficio ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, sugerindo o nome de Maximiano da Mata Teixeira, para a biblioteca que aquela Corte de Justiça pretende inaugurar em breve. Como argumento para esta pretensão, Geraldo lembra, dentre outros inúmeros predicados (Humanista, Desembargador e escritor de nomeada), que Maximiano foi esposo e companheiro de Amália por 47 anos.
O acadêmico e também Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Aidenor Aires, trouxe a noticia mais esperada pela comunidade cultural goiana; graças à mediação da entidade que ele preside, foi conseguida a verba, junto à Prefeitura de Goiânia “Projeto de Incentivo à Cultura”, para a impressão do livro de quase 1.000 páginas, que Amália deixou pronto, intitulado “História de Goiás”.
Foram exibidos vários vídeos, alguns inéditos, retratando a vida de Amália, sua família e seus amigos, especialmente os integrantes da área cultural.
O encerramento da solenidade não poderia ter sido mais festivo: apresentação do “Coral Toscanelli” que é constituído, em sua maioria, por cantores da colônia Italiana que vivem em Goiânia; a maestrina Profa. Elen Lara selecionou, especialmente para esta festividade, vários números do seu repertório, agradando, sobremaneira, os presentes.
Foi uma tarde-noite inesquecível!
Peço licença ao Ac. Bento Curado para citá-lo, mais uma vez:
“No vasto jardim de Goiás haverá sempre um espaço para a flor-mulher que foi Amália Hermano Teixeira e ela será sempre-viva em nossos corações”








quarta-feira, 18 de agosto de 2010

RIO ARAGUAIA – RELATOS PARA A HISTÓRIA -II

Iniciei na semana passada uma incursão sobre a história dos acampamentos nas praias do rio Araguaia; houve várias manifestações de leitores, a maioria curiosa em saber detalhes sobre este costume dos goianos; chamou-me a atenção, particularmente, o e-mail do artista plástico goiano Di Magalhães, atualmente residindo em Curitiba.
Mensagem cheia de nostalgia ditada pela ausência da sua terra natal e, particularmente, do seu rio Araguaia; vejo-me na obrigação, antes de continuar a narrativa interrompida e, também, para aumentar o seu “banzo”, de descrever para ele como estava a lua naquela noite mágica à beira do nosso majestoso beerocan.
Não há, nestes momentos, como não admirar a majestade da lua, sobranceira e gigante; no inicio, somente sua luminosidade, refletindo nas costas da longínqua serra, dá sinalização de que ela está se preparando para aparecer. Paulatinamente, ela vai despontando sem nenhuma timidez e já clareia o cume da montanha; depois, escorrega seus raios luminosos pela encosta abaixo. Não há descrição capaz de retratar, com fidelidade, toda a imponência deste espetáculo, impossível a sua imitação; como um enorme farol aceso pelo Grande Arquiteto do Universo, ilumina não só a Terra como todo o firmamento.
Disse no texto da semana passada que o Sr. Dico (Athaide Paula de Siqueira) casou-se com a Sra. Nieta (Antonieta da Veiga Jardim), porém, esqueci de informar que ela era neta do grande escultor e pintor goiano, Veiga Vale.
Aliás, por intermédio de meus amigos Olay e Neusa Costa Campos, fiquei sabendo de um acontecimento inusitado, ocorrido com os pais da Sra. Nieta; seu pai, Sr. Joaquim Gustavo da Veiga Jardim, ficou viúvo e sempre desejou se casar, em segundas núpcias, com a Srta. Rosalinda de Melo que, no entanto, se casou com um poeta baiano; na noite de núpcias, devido, provavelmente a uma grande emoção, o indigitado vate ateou fogo na casa; ela, a noiva, fugiu apavorada e ele, o baiano, sumiu no mundo, sem consumar o casamento.
Gustavo, que esperava esperançoso, pediu-a em casamento e, desta união, nasceram quatro filhos, dentro eles a futura esposa do Sr. Dico.
O Sr. Zeca Alencastro, além de cunhado de Dico, era também o pai do Cesar Alencastro Veiga, com quem o Sr. Dico fez grande amizade e acabaram, juntos, visitando o rio Araguaia pela primeira vez em 1936, quando da inauguração da estrada de rodagem que ligava a cidade de Goiás a Aruanã, mandada construir pelo então governador, Dr. Brasil Caiado, em 1926; viajaram em uma moto equipada com caçamba (side-car).
Ainda motivados pelo entusiasmo daquela primeira viagem, em agosto de 1938 os dois amigos resolveram organizar uma caravana com os seus familiares, incluindo neste grupo o Sr. Olavo Costa Campos, casado com Da. Mariquinha, também irmã de César e pais dos meus amigos informantes desta narrativa, Olay, Omary e João, com o intuito de acamparem nas praias do rio; montaram o acampamento em uma ilha situada em frente à Aruanã, provavelmente nas imediações da confluência do rio Araguaia com o Rio Vermelho.
A travessia do rio se deu em canoa que hoje denominamos de “carajá”, rasa, inteiriça, movimentando-se com o uso de remos; ficaram acampados por 15 dias, sendo que as barracas de dormir eram construídas a partir de duas forquilhas fincadas na areia, não muito distantes uma da outra, um pau, que servia de cumeeira, atravessava de uma forquilha a outra; a cobertura era feita de um tecido conhecido como “lonita de algodão”, que apresentava um inconveniente (aos nossos olhos): não era impermeável e não possuíam os nossos, hoje conhecidos “zíper”, sendo os mesmos substituídos por botões; pescavam com linha de mão, conhecida por “linha larga” feitas de fios de algodão; havia, como há registros, uma enorme quantidade de peixes.
Em 1939 voltaram para nova temporada de 15 dias, ainda sem a companhia das crianças, agora com melhor organização; contrataram um “batelão” que era movimentado por remos e zinga, onde colocaram toda a tralha, agasalhando dentro do mesmo, também, as mulheres; os homens desciam em canoas; rodaram mais ou menos seis quilômetros, acampando nas imediações do lago Dumbazinho.
A partir de 1940 aumentaram as facilidades: compraram um motor de explosão (penta 4,5); fizeram algumas adaptações em uma canoa “ubá” onde fixaram o motor e este puxava um pequeno batelão carregado com as tralhas, comidas, mulheres e crianças.
O passeio passou a ser um pouco diferente; acamparam, inicialmente no Dumbazinho (cinco a seis dias); depois foram até o “Lago dos macacos”, mais cinco a seis dias; depois Barreira do Tibúrcio, Mata Corá, Cangas; desceram mais de 50 quilômetros de rio.
Além das tradicionais barracas, faziam, também, ranchos de sapé, que eram aproveitados na viagem de volta para Aruanã.
Paulatinamente foram adquirindo motores mais possantes (penta 24 HP), capazes de arrastar uma grande canoa de madeira, comprada em Piracicaba (SP), pilotada pelo Sr. Dico, possibilitando a descida até o rio do Peixe.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

RIO ARAGUAIA – RELATOS PARA A HISTÓRIA

Semana passada estive no acampamento “Capim Puba” da família Costa Campos, montado em uma pequena ilha do rio Araguaia, nas imediações da barreira do Tibúrcio, um pouco abaixo das Cangas.
Esta família, à qual estou ligado há muitos anos por fortes laços de amizade, faz a gentileza de me convidar todos os anos para este passeio maravilhoso; no inicio, década de 1970, ia com toda minha família; à medida que o tempo foi passando, os filhos não quiseram permanecer crianças e, como aves de arribação, alçaram vôos e foram pousar em outros acampamentos habitados por outros amigos do mesmo grupo etário que eles.
Ficamos, Marília minha mulher, e eu; neste ano, devido à presença de uma neta recém-nascida, nem ela pode me acompanhar; não sei se foi somente o atavismo avoenga ou, se realmente, ela não estava com coragem de enfrentar as nossas areias brancas neste ano.
Quem conhece os acampamentos do rio Araguaia e não visitou o “Capim Puba” não poderá dizer que os conhece; os irmãos Olay, Omary e João frequentam as barrancas do rio desde quando eram crianças; não faz muito tempo vi uma fotografia do Olay correndo nas areias da praia “Mata corá” com a idade entre quatro e cinco anos; por incrível que pareça, o Olay, nesta foto, brincava com uma menina que veio a se tornar sua esposa, a nossa querida Neusa.
Neste ano me desencontrei do Olay, ele voltou uma semana antes da minha chegada; não preciso dizer o quanto isto me entristeceu, pois, sempre aproveitamos estes momentos, na verdade, os dias de reencontro, para colocar nossos assuntos em dia; falamos sobre quase tudo, principalmente literatura, música e estórias acontecidas no Araguaia (com ele, sua família e com os ribeirinhos). Em resumo, “jogamos palavras ao rio”.
Felizmente minha empatia com o Omary, João e seus respectivos familiares é superponível ao que ocorre entre mim e o Olay, portanto, os dias correram tranquilos e alegres; quase que todo o dia e parte da noite estivemos sentados em confortáveis cadeiras de recostar, pés estirados sobre a areia macia, falando bem e mal de todo mundo e, de vez em quando, para que as palavras não saíssem muito ressequidas, ingeríamos umas e outras cervejinhas, normalmente bem geladas.
Não me lembro se algum membro do acampamento (éramos mais de vinte pessoas) tenha saído para pescar; parece que a necessidade de fisgar um peixe passou a ser um complemento desnecessário no passeio; a interação e, principalmente, a preocupação com a preservação da natureza é o primordial.
Numa destas noites, na primeira que a lua cheia surgiu esplendorosa por detrás de uma montanha situada bem no nosso visual, despertou-me a curiosidade de saber detalhes acerca da história dos acampamentos no rio Araguaia; estavam ali comigo duas pessoas que, de alguma maneira, fizeram esta história.
Conto-lhes o que ouvi do Omary e do João para que fique registrado nos anais da história do Araguaia.
Tudo começou com o Sr. José Alencastro Veiga (Zeca Alencastro), proprietário de uma casa de secos e molhados na cidade de Goiás, chamada “Casa Alencastro Veiga”, aliás, local onde funcionava, no inicio de 1901, um atelier de fotografias de nome Photographo, do próprio Sr. Zeca.
Em 1929/30 o Sr. Zeca passou a ser representante da indústria Ford para o estado de Goiás; a primeira venda (um fordinho 29) ocorreu para um comerciante de nome Sr. Henrique Vieira; porém, a venda era casada com uma condição: O Sr. Zeca seria obrigado a arranjar um motorista para ensinar o comprador a dirigir.
Segundo informações que corriam, à “boca pequena”, em Itumbiara existia um homem, conhecido pelo apelido de Sr. Dico, capaz de resolver a difícil situação; O Sr. Zeca não teve dúvida, viajou até Itumbiara e contratou o indigitado motorista e trouxe-o para a cidade de Goiás, onde, além de cumprir o trato (ensinar o comprador do carro a dirigir), acabou se casando com uma irmã do Sr. Zeca, Sra. Nieta Veiga Jardim.
Parece que estou “rodeando muito o toco” para explicar o que propus; por causa disso, o espaço que me foi concedido para esta semana acabou.
Resta-me suplicar aos meus leitores indulgência pela minha dificuldade, vicio que trago desde criança (Minas Gerais) e que se acentuou com a minha vivência com os Goianos: contar o caso e explicar os fatos.
Se me concederem a desculpa, acho que posso pedir-lhes que me acompanhem na próxima semana, para que eu possa acrescentar mais alguns fatos a esta história dos acampamentos nas praias do rio Araguaia.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

VOCÊ JÁ PENSOU EM COMPRAR A FELICIDADE?

Dedicado ao colega Dr. Marcelo Caixeta

Recentemente tive oportunidade de ler no “London Review of Books” uma interessante matéria de autoria do escritor Andrew O’Hagan, sobre a problemática da felicidade e, por extensão, da depressão; imagina ele que as pessoas devem ter um local no organismo (provavelmente localizado no cérebro) de onde controlam o seu termostato de felicidade.
Portanto, por este ponto de vista, não adianta colocar a culpa da sua depressão na ex-esposa, no filho que está com más notas na escola, na momentânea falta de dinheiro ou no acúmulo de gordura no seu abdome; eventos causadores de estados depressivos vêm e vão, porém, sua capacidade de estar feliz, ou não, é estacionária.
A indústria farmacêutica tem lançado, com um apetite cada vez mais avassalador, uma gama enorme de drogas capazes de agir na esfera da depressão, porém, isto não é boa notícia para certa indústria de livros e, principalmente, para os autores de textos indicados para combater esta dificuldade; imaginam, estes autores, que estes sentimentos depressivos podem ser eliminados pela leitura de um adequado livro de autoajuda e as prateleiras de livrarias estão abarrotadas de livros para este propósito, normalmente com longos e autoexplicativos títulos nas suas capas.
Não sei como as populações de alguns séculos passados faziam para se manifestar sobre esta mesma preocupação, que, na verdade, é uma ambição para viver uma vida feliz; penso que a partir dos estudos de Freud, no final do século XIX e início do XX, a população passou a procurar uma “muleta” para se escorar e conseguir ajuda para enfrentar estas dificuldades, que vêm e vão e, cuja base de localização deveria, segundo ele, estar situada, primordialmente, no subconsciente.
A procura de solução para o problema existencial por intermédio de livros de autoajuda surgiu, ou se intensificou, na ultima década do século passado; de lá para cá, vem tomando proporções gigantescas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada ano nos Estados Unidos, cerca de 33.000 pessoas cometem suicídio, 400.000 tentam o suicídio, 17 milhões de americanos sofrem de depressão, 27 milhões são dependentes de álcool ou drogas, 60 milhões sofrem de algum distúrbio mental e 11 bilhões de dólares são gastos, anualmente, somente com a compra de livros de autoajuda, CDs, seminários, cursos, palestras, etc.
Estes dados nos sugerem que estamos convivendo, atualmente, com uma profunda tristeza nas nossas vidas; uma grande parte da população está sem direção, esqueceu como fazer para se manter de pé na superfície da vida; o projeto de vida que foi traçado não está sendo executado, incluindo ai, para nosso maior mal-estar, também a juventude.
Temos que convir que onze bilhões de dólares não seja uma cifra desprezível, porém, podemos até entendê-la ao depararmos, como recentemente ocorreu comigo, ao percorrer uma livraria no aeroporto de Londres onde chamava a atenção a abundância de oferta de livros de autoajuda, principalmente uma enorme gôndola com livros de autores interessados em manter o leitor distante da obesidade.
Tomei nota de alguns títulos – Agora coma isto; As regras para comer; O que esperar quando você está na expectativa (?); A cura do abdome gorduroso, e assim por diante; ao folhear um deles tive alguma surpresa com respeito aos conselhos do “especialista de plantão” em dietas; confesso que fiquei confuso com algumas orientações do tipo: “Não coma nada com exceção de carne assada e legumes, porém, dose a ingestão de refrigerantes, que será contrabalançada pelo teor de gordura do beef e o seu tempero (evite os açucarados) e a qualidade dos legumes”. Deu para entender?
Nesta mesma livraria vi um anúncio de um projeto de nome muito interessante e chamativo “Seja feliz! Desperte o poder de felicidade que existe em você”; tomei nota do seu endereço eletrônico e aqui em casa resolvi consultá-lo; passo aos meus leitores algumas informações sobre o mesmo.
O projeto é composto de um livro, um curso “on line” com duração de oito semanas e quatro CDs com as conferências do Dr. Robert Holden (um rapaz bonito, sorriso aberto com maravilhosos dentes, cabelos repartidos de lado, sem gravata, irradiando felicidade com o olhar).
O seu currículo, que é transcrito na integra, traz informações sobre suas participações no programa da Oprha Winfrey (O quanto você é feliz?) e na BBC de Londres (Como ser feliz!); ah! Ia me esquecendo, o programa do curso inclui alguns temas bastante interessantes: “Você está feliz?; Seu relacionamento está aumentando?; Você ama seu trabalho?; Você gostaria de ser feliz? Seja feliz Agora!!”.
Para completar a informação, o site esclarece que este treinamento de felicidade, não somente mudará a maneira de você se sentir, e principalmente, mudará a maneira de funcionar seu cérebro.
Estão curiosos e querem saber quanto custa esta nova maneira de encontrar a felicidade? Não é muito cara, menos de 500 libras esterlinas, para ser exato, 499 libras; o endereço do site? Ei-lo, sem meu compromisso com possíveis desilusões: http://www.behappy.net/