MINHAS CRÔNICAS

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

MATERNIDADE ACIMA DE 45 ANOS DE IDADE – E OS FILHOS?

Não faz muito tempo, li no jornal norte-americano “USA Today” um artigo de uma psicóloga que atende mães que tiveram filhos quando estavam com idades acima de 40 anos, que me chamou a atenção, levando-me a interessar um pouco mais pelo assunto.

A articulista apresentou alguns dados estatísticos que ela compilou do “Centro nacional de estatística sobre saúde dos Estados Unidos” que nos obrigam a debruçar sobre o assunto; em 2006, informa o relatório daquele centro, uma em cada 12 mulheres americanas teve filhos após os 35 anos de idade enquanto que em 1970 estes números eram muito inferiores (uma em cem); em 2009 somente as mulheres que estavam com idade entre 40 a 44 anos apresentaram aumento estatístico no número de gravidez.

Não vou discutir a maneira como a medicina tem conseguido diminuir os riscos inerentes à gravidez neste grupo etário nem os avanços dos estudos sobre a fertilidade, por não ser, embora médico, especialista no assunto, tampouco a razão desta mudança de comportamento das mulheres frente à gravidez, o que me obrigaria a mudar o enfoque do que pretendo colocar em discussão.

Para que não se passe a idéia de que este assunto não deveria estar na pauta das preocupações de nós goianos, ao serem ouvidos, os colegas obstetras e Professores da Faculdade de Medicina da UFG, Doutores Argeu Clovis Castro Rocha e Clidenor Gomes Filho informaram-me que, pelas suas observações, a incidência de casos de mulheres com gravidez em idade acima de 45 anos vem aumentando de maneira acentuada em nosso meio.

Interessa-me colocar em pauta neste momento a questão que muitas vezes tem sido descurada e o casal só se dá conta da sua existência quando a realidade bate à sua porta; refiro-me à relação dos pais, já mais idosos, com crianças de colo e depois na adolescência.

Como estes fatos começaram a surgir de alguns anos para cá, são poucos os estudos a respeito deste assunto em nosso meio, embora nos Estados Unidos já exista, inclusive, uma organização que foi criada especificamente para ajudar estas famílias, é a chamada, em tradução livre “Maternidade mais tarde”

É preciso lembrar que a maioria dos estudos no Brasil é focada nas mães, tanto durante a gravidez, o parto e os cuidados pós-natal, dispensando pouca atenção às crianças, principalmente os adolescentes filhos de pais idosos.

É necessário ter em conta que o estado emocional destas crianças e suas experiências de vida, quando se tornam adolescentes são diferentes dos daqueles cujos pais são jovens. É preciso considerar que as crianças, no convívio com colegas na escola, observarão a diferença de idade entre os seus pais e a dos seus amigos e não estão preparadas para entenderem esta situação, podendo até acontecer que alguns fiquem receosos de convidar os amigos para irem as suas casas, com medo que os mesmos confundam seus pais com os avós.

Quando me defronto com um problema costumo analisá-lo por, pelo menos, dois ângulos: as suas vantagens e as suas desvantagens e sempre que possível procuro realçar inicialmente as vantagens para tentar diminuir o seu impacto.

Estes pais estão, normalmente, em melhores condições financeiras e com maior segurança emocional que a idade lhes concede, já tendo aprendido muito sobre a vida, estando dispostos a investir mais energia em carinhos, portanto os filhos de pais mais idosos são econômica e emocionalmente mais privilegiados.

Os pais idosos dão maior atenção aos seus filhos e estão na idade em que ocorrem menor número de casos de divórcios, acidente de percurso capaz de trazer grande repercussão na vida das crianças.

A mãe idosa tende a ser mais racional e mais calma com as crianças, havendo, portanto menor probabilidade de conflitos e ansiedades no relacionamento familiar; muitas destas mães já estão se adaptando à nova situação e procuram gostar e interagirem com assuntos de que as crianças gostam (face book, por exemplo); desde que tenham o cuidado de não tentarem “ser” um adolescente.

Muitas vezes os pais mais velhos têm medo das novas tecnologias; não vejo razão para esta ansiedade, perguntem, sem receio, aos seus filhos como estas parafernálias funcionam; assim procedendo perceberão como estas “coisas” ajudam na movimentação dos neurônios do seu cérebro.

Existem alguns problemas que estão acima da capacidade resolutiva destes pais, uma delas é o medo que o adolescente enfrentará ao pensar na possibilidade de perder seus pais mais cedo que os seus amigos, inclusive analisam a possibilidade disto acontecer quando completarem 30, 35 anos de idade.

Muitos destes jovens ao atingirem a idade adulta, porém ainda jovens, já assumem responsabilidades emocionais, causadas por doenças dos pais ou até mesmo financeiras, muito antes que outros amigos da sua mesma idade, dando-lhes a impressão que a sua juventude está lhe fugindo muito rápido.

Não faz muito tempo uma cliente e amiga que por sinal tornou-se mãe solteira com 47 anos de idade, contou-me a seguinte história:

- Meu filho de cinco anos de idade, estava envolvido com uma brincadeira que poderia ocasionar algum risco; de imediato interrompi-o e ouvi, junto com copioso choro, a seguinte resposta – Mamãe você estragou minha diversão!

Fiquei sem ação; quem sabe, por estar com 52 anos de idade não teria exagerado na preocupação? De imediato pensei no futuro, quando ele estiver na idade de pedir a chave do carro, estarei com mais de sessenta anos; será que terei energia para enfrentar esta situação?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

JUNG, FREUD E A MAÇONARIA

Dias destes, movimentando o “mouse” no site do Google, deparei-me com uma informação que me chamou a atenção: Freud foi maçom!

Pelas pesquisas que tenho feito não encontrei nenhum indicio que confirmasse esta assertiva; o que mais se aproximou desta citação foi a leitura que fiz do livro do autor Jean-Luc Maxence, intitulado “Jung é a aurora da maçonaria, Ed. Madras, 2010”.

Este autor fez uma intuição muito interessante ao tentar encontrar pontos de contato entre a psicanálise, especialmente em Jung, e o simbolismo da maçonaria; baseou-se na premissa de que o avô de Jung foi um maçom regular, tendo sido, inclusive, Grão Mestre da Ordem na Suíça, onde vivia, e Jung cresceu envolvido pelos símbolos da maçonaria.

Para reforçar esta sua tese ele cita o fato de que a famosa torre de Bollingen, casa com aparência de castelo, que Jung construiu (iniciou a sua construção em 1923) à beira do lago de Zurique, tem desenhado nas suas paredes, especialmente no seu teto, alguns símbolos maçônicos, embora ele nunca tenha se iniciado na Ordem.

Na verdade Freud pertenceu a uma sociedade frequentada por muitos membros da comunidade judaica de Viena e que não tinha a mesma conotação filosófica da maçonaria, denominada “Sociedade B’Nei Brit” a cujas reuniões ele participava com grande regularidade.

Esta sociedade, uma verdadeira ordem fraternal de judeus, foi fundada em Nova York em 1843, contando atualmente com mais de 100.000 membros em mais de 50 países; provavelmente a razão da confusão na mídia social da internet é o fato de que esta era frequentada exclusivamente por homens e tinha como principio a ajuda mútua entre os seus membros, levando muitos não iniciados na Ordem maçônica, que acreditam ser esta a função da maçonaria, a encontrarem pontos de contatos entre as duas sociedades.

Para confundir um pouco mais estes espíritos, o lema da “Sociedade B’Nei Brit” pode ser superponível ao da maçonaria – Benevolência, Amor entre os irmãos e Harmonia.

Por outro lado é preciso dizer que tanto Jung como Freud se envolveram, nos seus estudos sobre psicanálise, com os símbolos de uma maneira geral e a maçonaria é uma instituição iniciática, cuja filosofia está alicerçada na simbologia.

Ao se submeter a uma análise por um médico psicanalista o individuo se dispõe a colocar a descoberto todos os “segredos” que estavam armazenados no seu inconsciente e o médico assistente funciona como se fosse um arqueólogo tentando desvendar o passado com as revelações que lhe são fornecidas pelo paciente.

Um “profano” que bate à porta de um templo maçônico com a intenção de se iniciar na Ordem, submete-se, espontaneamente, é preciso que se diga, a uma autoanálise quando lhe é solicitado, antes que lhe permitam a entrada, a fazer uma reflexão sobre o sentido da vida e das suas aspirações futuras, enquanto aguarda permissão para ultrapassar os seus umbrais.

Apenas com a companhia da sua consciência, lhe é oferecida a oportunidade de refletir sobre a verdade definitiva de que o homem veio do pó e para lá voltará, as vaidades mundanas deverão ser deixadas do lado de fora, a sua riqueza pessoal (jóias e metais) não será de nenhuma serventia perante a comunidade que ele pretende se aproximar; será, simbolicamente, o seu renascimento com novas luzes.

O individuo que foi analisado pelo psicanalista poderá remover as barreiras que teimavam em manter escondidos os segredos do seu inconsciente e, se conseguir este intento, algumas vezes somente após anos de conversa consigo mesmo e principalmente com o apoio do médico assistente, poderá caminhar com alguma segurança rumo ao equilíbrio psíquico.

O iniciado na maçonaria deverá, gradativamente, e pelo resto da sua vida, tomar conhecimento, como acontece em todas as sociedades iniciáticas tradicionais, dos passos a serem dados para conhecer a filosofia da Ordem e, com persistência, praticá-la e transmiti-la aos seus pósteros o que aprendeu, como se ele fosse agora um mestre.

Nesta caminhada deverá ecoar nas suas movimentações o ensinamento emanado do filósofo francês, Prof. Jean Lacroix, citado em uma passagem do livro de Jean-Luc Maxene que mencionei acima, no capítulo em que este autor discutia a “Psicologia das profundezas de Jung”:

“Se você quer chegar aonde você não sabe, é necessário passar por onde você não conhece”